Pelas portas abertas

Mariana M. Braga

Será que o administrador de empresas já imaginou como seria chegar em seu escritório, a porta estar trancada, com todos os seus documentos e instrumentos de trabalho dentro, sem poder entrar naquele espaço durante pelo menos um mês? E aquele trabalho que estava marcado para a semana seguinte? Se não o entregar, ficará sem a grana do negócio. E os contratos assinados? E todos os outros prazos?

E se isso acontecesse com médicos com cirurgias e consultas marcadas? Ou com o dono da padaria sem poder vender pão?

O teatro é espaço de arte e também o ambiente de trabalho de muitos artistas. Além das horas de espetáculo abertas ao público, os atores, diretores e todos os funcionários que tornam possível a apresentação de cada peça de teatro se dedicam durante meses a ensaios e trabalhos de produção, além de muito investimento financeiro.

teatro rio

Divulgação

Há um mês com os teatros de portas fechadas, o Rio está triste. Por isso há no Facebook o grupo Reage, Artista!, onde são organizadas manifestações e campanhas. Várias peças foram apresentadas ontem nas ruas (como O Médico e o Monstro, da foto, que deveria ser apresentada no Café Pequeno) e há reuniões periódicas na casa da Glória para discutir o assunto.

Clara é a necessidade de manter espaços públicos seguros para evitar tragédias como o incêndio de Santa Maria. Não podemos, no entanto, deixar artistas na rua sem nenhum apoio e impedindo que toda a população veja tragédias e comédias do mundo artístico, prazeres que os antigos gregos já conheciam. O problema não é exatamente o fechamento dos teatros, mas o descaso, como se teatro fosse algo secundário na vida pública.

Como as “autoridades” puderam deixar os centros culturais de lado a ponto de não serem ambientes autorizados pelo Corpo de Bombeiros? O que está sendo feito para que os teatros sejam reabertos o quanto antes? Quem pagará os prejuízos?

Quem perde com os teatros de portas fechadas é o país inteiro.

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